sexta-feira, 11 de julho de 2014

Etapas

Há um mês as chuchas da Luísa desapareceram. Desapareceram mesmo. O pai estava sozinho com eles na hora de deitar e não encontrou nenhuma. Naquela noite adormeceu com o pai no sofá e a partir daí tivemos três ou quatro vezes em que se lembrou da chucha mas nada de dramático. Demora um pouco mais a adormecer, levanta-se mais vezes e vê-se que lhe falta aquele conforto mas nunca mais pediu.

Sabemos que com a chegada do irmão pode haver retrocessos, mas para já consideramos que é mais uma etapa que ultrapassa com sucesso. Boa Luísa!

Desta gravidez

Ainda não escrevi nada sobre esta gravidez, e daqui a umas poucas semanas está a acabar.

Foi a gravidez menos planeada mas aquela em que tive mais noção de como era importante estarmos os dois bem alinhados em relação à vontade de ter mais um filho. Nunca escondi a minha vontade de ter um terceiro filho. Mas sempre soube que iria significar um acréscimo muito grande de responsabilidades e de trabalho que, no nosso caso, com muito pouco apoio familiar, tinha que ser assumido conscientemente pelos dois. O pai, que sempre achou que dois era uma boa conta, que a vida que gostamos de ter dificilmente se coadunava com mais um filho, depressa se animou com a ideia de sermos cinco. Não foi difícil convencê-lo :)

A gravidez tem acontecido com alguma tranquilidade, aquela que é possível quando se tem um trabalho minimamente exigente e dois filhos pequenos. As ansiedades são as mesmas das outras duas gravidezes, sobretudo a passagem do primeiro trimestre em que tive um receio enorme de que alguma coisa não terminasse bem. De resto, sucederam-se as consultas, as visitas ao interior da barriga, e semana após semana completámos as 33. Confesso que nesta altura já estou de rastos, como nas outras comecei a ficar lá pelas 35 ou 36 semanas. As contrações já me acompanham há umas semanas, e estou a tentar controlar com uma dose reforçada de magnésio (prometi à médica que ia seguir tudo à risca para não ser obrigada a enfiar-me já em casa). O dormir mal, as dores nas costas, os enjôos que mais uma vez me vão acompanhar até ao fim, todas aquelas coisas que me fazem lembrar de como é bom este estado de graça (not).

Uma coisa nova desta vez, ter dois meninos ansiosos pela chegada do irmão e sentir-me ainda mais responsável por garantir que tudo corra bem para não ter que assistir à sua desilusão. Em todos os momentos determinantes, é neles que penso, nas suas carinhas quando conhecerem o irmão e isso faz-me desejar ainda mais que tudo corra pelo melhor. E vai correr!

De resto, ao nível logístico, nada nesta casa nos lembra que dentro de um mês, mais coisa menos coisa, vamos ter um bebé. Há roupa lavada, alguns acessórios saíram do armário, mas não há cama ou fraldário, banheira, nem tão pouco a mala da maternidade feita (ou pensada). Os próximos três fins de semana estão preenchidos e são fora de casa por isso acho que vamos ter muitas tarefas acumuladas para as últimas semanas.

Não é a minha gravidez mais focada no bebé, aliás, acho que só mesmo a primeira foi assim. Acabo por lembrar-me que estou grávida à noite, quando repouso e sou brindada com uns valentes toques do menino embutido. Aqui, aproveito-o só para mim e saboreio esta coisa mágica que é sentir alguém a crescer dentro de nós.

Estou tranquila a aguardar o grande momento. Sei que será, tal como das outras vezes, um dos momentos mais felizes da minha vida. É um começar de novo para mim, enquanto mulher, mãe, e para nós, enquanto família.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Coisas que nos ajudam a crescer

É a primeira vez em cinco anos e meio que estou sem as crianças num aeroporto. Corrijo, a primeira vez que estou sozinha. Estou sozinha e as crianças ficaram com a avó uma vez que o pai também está sozinho noutro aeroporto.
Não deixa de ser irónico que a primeira vez que os deixamos com alguém para sair do país ou por mais do que uma noite, seja para estarmos sozinhos. 
Quem me conhece sabe que sempre fiz (fizemos) questão de levar os filhos para todo o lado. Sou defensora acérrima de férias fora com os filhos até porque acho que é quando estamos mais descontraídos e mais disponíveis e não faria sentido privarmo-nos da companhia uns dos outros, deixarmos de estar em família nessas alturas. Por outro lado, não temos apoio familiar perto e uma coisa aliada à outra fez com que eles sempre tenham vindo connosco para todo o lado. E à custa disso, já têm um passaporte bem carimbado e já viveram experiências fantásticas longe do seu lugar de conforto, a sua casa.
Mas desta vez foi diferente. A saída é em trabalho e, apesar de o pai estar fora na mesma altura, não me apeteceu dizer que não estava disponível. Felizmente tive apoio familiar (a minha querida mãe) que se pôs logo a caminho e me permitiu estar aqui.
Escusado será dizer que estou com um nó enorme na garganta, as lágrimas vêm-me aos olhos sempre que penso neles e o coração está apertado com medo que algum imprevisto aconteça.
 Mas apesar disto, sei que me vai fazer bem, preciso de crescer como mãe (e até como pessoa) nesta parte. Preciso de aprender a confiar mais nos outros, que cuidam dos meus filhos com o zelo com que eu cuido, preciso de aprender a dar espaço e simultaneamente, a ganhar espaço para mim.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A minha Força da Natureza

Há três anos desconhecia que esta seria a minha última noite em casa com um filho. Estava impaciente, grande e farta de estar grávida (como, de resto, passei a maior parte das minhas gravidezes) e no dia seguinte (25) tinha uma consulta de referência na MAC (aquelas em que fazem o toque e iniciam os procedimentos finais). Tudo normal, portanto.

A decisão de ter um segundo filho foi tão amadurecida como a de ter o primeiro. Foi do género "querido, os contraceptivos andam a deixar-me mais gorda e irritada. Acho que vou fazer uma desintoxicação." "Hmmm ... Gata, sabes que podes engravidar, isso significa que queres ter mais um filho?" "Não meu amor, não tour a dizer nada disso, que tolice..." E pimba,... Paula grávida e o resto já se sabe.

Enganando-nos um ao outro, ambos sabíamos que um segundo filho naquela altura era a melhor opção. Difícil de assumir, mas ainda assim a melhor. O Henrique, um miúdo lindo de morrer e o melhor filho do mundo, estava a entrar naquela fase em que queria um irmão. Nós, continuávamos a alimentar aquela ideia de que aos 40 estaríamos com os filhos criados e prontos para viver ainda muito do que a vida tem para nós oferecer. Assim, mais ou menos planeado, ter a Luisa 2 anos e meio depois do Henrique, acabava por ir ao encontro das expectativas de todos.

A noite de 24 foi a minha última noite em casa com um filho (cá fora). E a partir daí a nossa vida nunca mais foi igual.

Quando queria ter um parto programado, porque quando se tem um filho e pouco apoio familiar, é preciso pensar nestas coisas, ela decide vir de surpresa. Com tudo mais ou menos planeado para tê-la no privado (há e tal, agora há o miúdo, e o pai do miúdo que podem passar mais tempo comigo enquanto estiver internada), pimba, decidiu nascer na MAC, na sequência de uma consulta de rotina, precisamente no mesmo quarto em que o irmão nasceu (e da MAC guardo o melhor de tudo, pessoas, serviço, o melhor, mesmo). Enfim, .... Tudo à sua maneira desde que começou a manifestar a sua vontade.... E assim é até hoje.

A Luísa tem tanto de doce como de torta (torta mesmo, do mais torto que há). Miúda gira mesmo a sério. Daquelas que querem crocs para a chuva cor de rosa e mini saia de ganga, mas que, quando lhe perguntam qual o seu super herói preferido responde sem demora "o war machine". O irmão é o seu ponto de referência, o seu ídolo, e adotou, desde cedo, os seus heróis como dela. O pai é o seu maior fã e ela sabe, e usa-o de forma inteligente. Com a mãe acho que tem uma relação de extremos: chocamos de frente, mas é comigo que vem ter quando mais precisa.


O Henrique diz que ela é maluca pela forma intensa como lida (e berra) com tudo. Eu acho que isto revela uma relação apaixonada com a vida e com as pessoas com quem se relaciona. É uma força da natureza!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Nós, as mães dos filhos

Quando somos mãe percebemos quase automaticamente que tudo o que até aí havíamos entendido como amor, mesmo o mais intenso dos amores, mais não era do que uma sombra de um sentimento sem nome que nos enche, que nos completa, que nos transforma e que muitas vezes nos faz ficar sem chão, que é o sentimento que temos pelos nossos filhos.

Tornamo-nos lobas, leoas, descobrimos em nós força que desconhecíamos que nos permitem, por exemplo, passar noites seguidas sem dormir e manter algum nível de integridade física e psíquica. Ganhamos resistência a determinadas coisas que antes nos consumiam, objetivamos mais, crescemos, para podermos ensinar a crescer, numas alturas, ou simplesmente, assistir e apoiar o crescimento dos nossos filhos.

Tudo isto nos transforma em pessoas melhores, mais ricas, tendencialmente mais capazes para lidar com contrariedades, para solucionar imprevistos.


Só há um tipo de imprevisto para o qual nunca estamos preparadas, aquele que envolve os nossos filhos, a saúde dos nossos filhos, especialmente. Perante esse em regra bloqueamos, congelamos. Não somos capazes de analisar a situação friamente, desaprendemos tudo o que a maternidade e a vida de mãe nos ajudou a desenvolver e sentimo-nos pequenas, mínimas, a precisar, nós próprias, de uma mãe. 

E o medo que nos paralisa, que nos impede de avançar com aquela segurança que se espera de uma mãe, empurra-nos para um cantinho escondido, de onde não queremos sair, um cantinho onde nos protegemos de nós, da vida que sem darmos por isso tomou conta da nossa e se tornou na nossa própria vida. Queremos ser o antes. O antes que era fácil, o antes que era só nós, nós próprios, sozinhos, sem eles, sem o ter que cuidar, só a ser cuidado. 

E aí somos pequenas outra vez, já não somos lobas nem leoas, já não resistimos ao sono, nem conseguimos conter o choro. Não temos já soluções. Aí percebemos as mães dos filhos somos nós e que nunca deixámos de ser nós, as mães dos filhos.    

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Parabéns Henrique


Imagens

Há cinco anos atrás estava prestes a iniciar o maior desafio da minha vida:ser mãe. O Henrique mostrou já aí ser um rapaz decidido tendo passado cerca de quatro horas desde que senti os primeiros sinais de alerta até que o conheci. Não vale a pena fantasiar o que estaria a viver neste preciso momento há cinco anos atrás porque a verdade é que muito provavelmente estaria com umas dores horríveis e a pensar "onde é que estavas com a cabeça quando te meteste nisto". Mas não é mentira quando digo que no momento em que o conheci, todo o mal estar passou como se houvesse um corte na cena, entre o antes e o depois.

As minhas memórias são ainda muito claras e detalhadas. Sinto os toques, os cheiros, as emoções, como se tudo se tivesse passado há poucas horas. Foi uma mudança que eu planeei (ou planeámos), que desejei muito mas para a qual muitas vezes me senti não preparada.  E por isto mesmo sei que foi o maior desafio que assumi e assumirei e também aquele que mais me fez crescer. Sinto que tive oportunidade de começar uma nova vida e é tão bom podermos começar outras vidas dentro da nossa vida.

Neste momento ele dorme na cama da irmã. Mudou-se para lá depois de os deitar. Nem lhes mexo. Seria quase um crime fazê-lo. O pai está fora esta semana e amanhã temos uma videochamada agendada para lhe entregar o presente logo de manhã.

Os dois enchem-me de sentimentos bons e apesar de muitas vezes quase desesperar, pensar que não consigo, que dei passos grandes demais, sei que são imagens como as que agora presencio que me dão força para continuar e para ir reinventando o dia a dia.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Luísa


É uma força da natureza. Passa do riso ao choro numa questão de segundos sem que nós consigamos perceber o porquê de um estado ou de outro. É igualmente intensa nas lágrimas que deita e nas gargalhadas que dá. Em resumo, consome cada bocadinho de energia que temos.

Revejo-me nela, na sua forma apaixonada de ser. Adivinho, por isto, grandes confrontos como os que já tive com a minha mãe (igualmente forte nos sentimentos e frontal na forma de ser), mas também por isto acredito que os sentimentos que nos vão unir serão sempre sólidos e verdadeiros.


O seu maior companheiro é o mano, como o chama sempre, e conseguem, nesta altura, passar horas a brincar com grande cumplicidade. Partilham interesses (aliás, ela adotou todos os interesses dele, como seus) e pode mesmo dizer-se que em muitos casos há o “Eles” e o “Nós”, os pais maus que não os compreendem e que os contrariam injustamente. Quando isto acontece, quando um deles é chamado à atenção por um qualquer motivo (quando, por exemplo, um deles bate no outro e o deixa a chorar), unem-se os dois contra o “agressor” (pai). As férias aproximaram-nos ainda mais. Dormiam na mesma cama e hoje, apesar de cada um na sua cama, continuam a adormecer de mão dada.

Ela veio completar-nos como família, sem dúvida. Parecemos muitas vezes uma família de malucos,  (sobretudo, de manhã antes de sair de casa), mas malucos felizes e apaixonados uns pelos outros.

O Henrique


Faz cinco anos daqui a dois dias. Na verdade, daqui a cerca de 38 horas. Nunca ansiou tanto um aniversário. Anda há meses à espera deste dia. Os cinco anos representam uma espécie de entrada na idade adulta do jardim de infância. Passará a ser dos mais velhos e até já tem um dente a abanar, como os que se preparam para entrar na escola este ano.




Eu tenho um nó na garganta e só me apetece andar para trás no tempo e voltar a tê-lo pequenino, todo no meu colo. Por outro lado, enche-me de orgulho vê-lo crescer. Um menino extremamente dócil, amigo dos seus amigos (o melhor amigo da sua irmã) e muito criativo. É o meu menino rapaz, seguro de si mas revelando alguma timidez em ambientes desconhecidos. Apalpa terreno antes de se dar a conhecer plenamente. Sinto que tem força para ir enfrentando os desafios que a vida lhe vai colocar e sei que parte dessa força reside no facto de saber que nós estaremos lá para lhe dar o empurrão final, sempre. 

Acho que estou de volta :)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Amamentação

Retirei uma barrinha ali do lado.
Com muita pena minha tive que interromper aquela que foi uma das melhores experiências enquanto mãe. Tive uma infeção respiratória grave que me obrigou, há duas semanas, a fazer dois antibióticos e por isso tive que parar de amamentar enquanto estava a fazer a medicação.
Não queria que tivesse sido assim, uma interrupção forçada, de um dia para o outro. Mas não houve nada a fazer.
A Luísa ainda pede, uma vez por outra, e tenho-lhe dado. Mas já não é a mesma coisa. 
Guardo com muito carinho e saudade os momentos só nossos que partilhámos ao longo dos seus primeiros 15 meses.

Conversas com ele

Tínhamos que fazer um trabalho com ele sobre o seu animal favorito. Decidimos registar a conversa com ele e ilustrá-la com algumas imagens sobre o tema.
" O animal preferido do Henrique

1. Henrique, qual é o teu animal preferido? Porquê?

É o cavalo. Porque os cavalos não cheiram mal, só os porcos. Não gosto dos porcos.

2. E quantas patas tem um cavalo?

Four. Em português como é que se diz? Quatro.

3. E o que é que os cavalos fazem?

Ihihih!

4. O que é que os cavalos comem?

Ervas. Os cavalos não comem árvores, só os dinossauros comem árvores (já viste aquele dinossauro que é o fofinho?).

5. Quais são os teus cavalos preferidos?

Eu gosto de muitos. Gosto de cães e cavalos. Gosto do Rofty e o Bullseye

6. O que é que os cavalos gostam de fazer?

- Comer ervas

- Correr

7. De que cor são os cavalos?

Pretos e não gosto de Brancos. E o cavalo do Dartacão é yellow. Amarelo, vês?

8. Onde moram os cavalos?

Na sua casa. A “cavaliça” que quer dizer casa. (Que quer diz “cavaliça” em inglês?)

9. Sabias que os cavalos têm dentes muito grandes?

Sim, mas eu não tenho, vês?

Eu não gosto de cavalos assim com os dentes grandes. Os cavalos têm os dentes pequeninos como a Luísa.

10. Será que podíamos comprar um cavalo para a nossa casa?

Os cavalos podiam entrar na nossa casa porque eles estão cheios de frio. Podíamos fazer uma casa para eles...

11. Com quem é que tu gostavas de andar a cavalo?

Não sei... com a princesa...

12. Tens outro animal preferido?

Sim, o Dartacão...

13.02.2012,

Henrique e pais"

sábado, 29 de outubro de 2011

Há um ano atrás

A Luísa passava a sua primeira noite em casa. Lembro-me tão bem de ter ido adormecer o Henrique e ter ficado com ele a dormir. As saudades que eu tinha dele. E na primeira noite em casa tive pela primeira vez a sensação de que agora já estamos todos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Há um ano atrás, parte III

E para fechar esta série de posts a recordar os melhores momentos de há um ano atrás, lembro aquelas horas mágicas, as primeiras horas deles connosco, em que os observamos, os descobrimos pela primeira vez. São únicas, tão especiais. Parece que o tempo para e nós ficamos ali, a contemplar a sua beleza, os seus movimentos simples e delicados, a cheirá-los... ah, e como fica gravado aquele cheiro no nosso coração! São horas que não se repetem e que devíamos poder guardar num cofre para poder viver mais uma vez. Guardo as primeiras horas do Henrique e da Luísa como as melhores horas da minha vida. 

Parabéns Luísa

E por volta das 4:30 do dia 26 de Outubro de 2010, nascia a Luísa. Linda, linda!
Muitos Parabéns filha!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Há um ano atrás, parte II

Acho que mais ou menos por volta desta hora (21h), juntaram-me oxitocina ao soro, para ber se a coisa acelerava um pouco. Quando o pai voltou do jantar já eu começava a sentir um ligeiro desconforto.
Fiquei bem até cerca da meia noite, com dores suportáveis. A partir daí comecei a ter ontracções mais fortes ( muito mais fortes) e menos espaçadas. Pedi a bendita epidural, o pai saiu do quarto e por volta da uma da manhã aplicaram-me o líquido mágico. Do Henrique também levei epidural, mas já tarde, nem senti os seus efeitos para falar a verdade. Quando a médica acabou de a aplicar e pediu para eu me deitar, já ele tava a sair, mesmo. Desta vez foi diferente, tudo foi diferente. Aplicada a epidural, eu comecei a sentir os us efeitos e relaxei, até pensei que ia ter tempo para dormir uma vez que as médicas continuavam a dizer que era para demorar. Enganei-me. Cerca de uma hora depois a anestesia deixou de fazer efeito e aí sim começaram as dores a sério, aquelas que já me eram familiares de há dois anos atrás. Deviam ser quase três horas. Da hora e meia que se seguiu eu não tenho grandes memórias. Talvez o meu marido tenha, pois estava de fora a assistir, sentado num pequeno banco em que mal cabia. Um dia desafio-o a vir aqui descrever o parto visto da perspectiva de quem está a assistir.

Há um ano atrás

O dia acordava cinzento. Já estava farta de esperar e acordei com um mau humor terrível. Por volta desta hora alguém tocava insistentemente à minha porta e eu, que estava sem vontade nenhuma de sair da cama, lá me arrastei a custo para a abrir. Era a minha irmã, também muito grávida, na altura.

Tinha consulta na MAC por volta das 13, por isso aproveitei para me levantar e ir adiantar algumas coisas (roupa, jantar) para não ter que as fazer mais tarde, já com o Henrique em casa.

Já na consulta, por volta das 15, a médica, ao tentar descolar-me a membrana, rebentou-me a bolsa (médica novinha, ficou em êxtase porque era a primeira vez que lhe acontecia...). Eu não achei piada nenhuma. Já não podia voltar a casa, já não podia ir buscar o Henrique... Não tinha planeado assim o meu dia.
 
De certa forma não estava preparada. Desta vez, com um bebé em casa, queria que tudo corresse conforme planeado. E eu tinha um plano, e aquela médica a rebentar-me a bolsa não estava no meu plano. Chorei, nervosa. Tive que pedir ajuda porque precisava que alguém fosse ter com o meu filho para que ele não se sentisse triste, porque eu não o tinha avisado de que tinha chegado o dia.
 
Dei entrada na Maternidade, atribuiram-me um quarto e perguntaram-me se não tinha ninguém para ficar com as minhas coisas. Não! O pai da criança estava com quem realmente precisava dele, a outra criança. Apesar da sua insistência, pedi-lhe que não viesse, que fosse buscar o Henrique à escola e ficasse com ele o máximo de tempo possível. Eu estava bem, à espera. Fizeram-me assinar um termo de responsabilidade porque não podiam ficar com os meus objectos pessoais sem mais. Pediram desculpa mas já tinha acontecido terem reclamado por causa de umas cuecas desaparecidas e desde então, as grávidas que não estão acompanhadas, têm sempre que assinar o dito papel a desresponsabilizar a MAC por qualquer perda ocorrida. Eu na boa... tinha todo o tempo para assinar aquele e outros papéis porque, ao contrário do que tinha planeado, a médica rebentou-me a bolsa e eu não podia fazer mais nada senão esperar.
 
O pai chegou mais tarde, já depois de dar banho e jantar ao outro filho que entretanto ficou com a minha mãe, em casa, no seu espaço, como eu planeei. Não queria que ele tivesse que sair de casa. Queria que as suas rotinas se mantivessem, dentro do que era possível. Nessa altura era ele a minha principal preocupação. Era com o seu bem estar que eu estava preocupada. Ela estava bem, ainda cá dentro, protegida pelas águas que a médica tinha feito o favor de rebentar, contrariando todo o meu plano de parto.
 
Os médicos diziam que "a coisa" estava demorada. Tem aqui umas boas 12 horas pela frente, dizia uma. A bebé está muito subida.
 
O pai saiu por volta das 21, acho, para jantar. Eu, tranquila, sem dores, à espera, estava esfomeada e pedi também que me trouxessem jantar. Comi tudo. Precisava de ganhar força para as horas que se seguiam.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Sorriso


Desta vez é o pai que escreve. Bem sei que vai soar um pouco a cliché, mas se há coisa que julgo caracterizar a Luísa, é sem dúvida o seu sorriso. É sempre tão presente em todas as suas expressões que se torna contagiante. Consegue esboçar um sorriso em qualquer altura, para qualquer pessoa, perante qualquer situação.

É certo que a sua capacidade de sorrir é proporcional ao volume de decibéis que consegue atingir quando decide chorar. É um facto. Mas julgo que tal reflecte o traço de personalidade lhe adivinho: cheira-me que terá, para o bem ou para o mal, uma postura apaixonada perante a vida. A ver vamos.

Dia 2

Uma das coisas que caracteriza a Luísa é o seu apetite. Começou a comer sopa aos cinco meses e foi sucesso logon à primeira. Com a fruta foi igual e desde há umas semanas para cá começou a comer banana e maçã inteiras (aos gomos, no caso da maçã) sem se atrapalhar nada. Vê-se que vai ser petisqueira porque não pode estar ao pé de nós ao jantar sem ter nada na mão para comer, mesmo depois de já ter comido. Com isto, já fui "obrigada" a dar-lhe arroz de frango, massa, arroz branco muitas vezes, e até mesmo açorda alentejana. Gosto muito de ver que tem apetite e come com gosto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

11 meses e um desafio

Quando o Henrique completou 11 meses, eu não queria acreditar que o tempo tinha passado tão depressa, que o meu bebé estava prestes a completar um ano. Pois agora este sentimento é ainda mais forte. Não dei mesmo pelo tempo a passar. Foi um ano cheio de coisas boas (e outras menos boas), mas muito cansativo, em que muitos dias só pedia que chegasse a horas de se deitarem para eu poder ter um bocadinho para mim. Com tudo isto, os meses foram-se sucedendo depressa demais e a Luísa foi crescendo sem que muitas vezes eu conseguisse saborear devidamente cada uma das suas conquistas. 

Mas se um segundo filho não beneficia, por vezes, de toda a atenção que dispensamos ao primeiro, por razões óbvias, beneficia de uma coisa muito mais importante, a presença de um irmão, um amigo que o ajuda a crescer e que torna desde cedo a sua vida muito mais animada. Essa é, a meu ver, a sua grande vantagem em relação ao irmão, tê-lo.

A Luísa passou de uma bebé agitada e muito chorona (berrona, mesmo) a uma bebé calma e simpática quase de um dia para o outro. Por volta dos cinco meses dela, quando decidimos ir de férias 15 dias para a praia, acho que ela se transformou. Foi o primeiro contacto com o mar, talvez, ou o facto de nos sentir pela primeira vez em modo de férias. Alguma coisa aconteceu. Desde aí tem sido um crescendo. Hoje é uma menina calma, muito simpática que ri imenso para toda a gente e tem um sorriso muito cativante.

É bastante chegada a mim, coisa que o irmão não era assim tanto. Este Verão as pessoas diziam que era uma bebé muito estranha, por estranhar quem não conhecia. Não sei se o facto de a amamentar tem alguma coisa a ver com isto. Mas a verdade é que, ao contrário de todas as minhas expectativas, habituou-se muito bem à escola nova e vai perfeitamente para o colo da educadora sem chorar. Até acompanha os outros na sesta, coisa que, em casa, só faz a muito custo.

Está muito desenrascada no que respeita à parte motora. Gatinha muito bem e anda de um lado para o outro agarrada a tudo desde há cerca de um mês. O facto de ser destemida e aventureira já lhe valeu umas valentes quedas. Deviam era andar de capacete nesta idade.

Comer come muito bem e cheira-me que vai ser ainda mais petisqueira do que o irmão. Fica zangada quando não lhe damos a provar a nossa comida e deixa cair a chucha da boca quando sente o cheiro ou vê alguém com comida na mão.

É gira e atrevida e cheira-me que vai ter um feitio ainda mais torto do que o do irmão. Faz fitas e finge que está a chorar quando é contrariada. Mas finge com lágrimas e tudo, que evaporam no segundo em que lhe fazemos a vontade.

Enfim, é a Luísa e cada vez estou mais certa de que outro nome não lhe assentaria tão bem.

Bem, mas o desafio que eu lanço a mim própria, a um mês de a Luísa completar um ano, é vir a este blog diariamente escrever alguma coisa sobre ela e postar uma foto sua, como forma de compensar tudo o que não escrevi ao longo destes meses.

Deixo a primeira foto que foi tirada nas benditas férias que marcaram a sua transformação :)
 (tinha sido atacada pelos mosquitos)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vamos de férias

Não sei se isto significa ter o blog ainda mais parado ou se, pelo contrário, vou ter mais disposição para vir aqui registar alguma coisa. Na verdade, na maior parte das vezes, não é a falta de tempo que motiva a ausência de posts, mas a falta de capacidade para organizar toda a informação que aqui quero registar... e acabo por desistir de cá vir.
Eles estão óptimos, com dentes a crescer, birras a acontecer, enfim, tudo normal.
A Luísa, de há algumas semanas para cá só quer andar em pé agarrada às coisas. Não gatinha, mas arrasta-se deitada ou sentada até às coisas e tira tudo das prateleiras. Já começa, inclusive a testar o estar em pé sem estar agarrada a nada, mas depressa cai com o rabo no chão. Anda numa fase muito mãe (que eu estou a adorar).
O Henrique anda numa fase complicada de desobediência. Não há nada que seja acatado à primeira, o que, numa altura em que estamos a precisar de férias, se torna complicado pois estamos mais impacientes. No fundo, acredito que é a nossa impaciência e falta de calma a gerir o dia a dia que motiva os momentos de maior tensão. Mas é um doce, tão doce sobretudo quando estamos com as atenções concentradas nele, e divirto-me imenso nos nossos momentos a dois. Está numa idade em que já faz muita companhia.
Bem, para post pré-férias, este já vai longo. Encontramo-nos um dia destes neste cantinho ou em algum cantinho dos Açores que é para onde vamos nas próximas três semanas.