quarta-feira, 17 de julho de 2013

Nós, as mães dos filhos

Quando somos mãe percebemos quase automaticamente que tudo o que até aí havíamos entendido como amor, mesmo o mais intenso dos amores, mais não era do que uma sombra de um sentimento sem nome que nos enche, que nos completa, que nos transforma e que muitas vezes nos faz ficar sem chão, que é o sentimento que temos pelos nossos filhos.

Tornamo-nos lobas, leoas, descobrimos em nós força que desconhecíamos que nos permitem, por exemplo, passar noites seguidas sem dormir e manter algum nível de integridade física e psíquica. Ganhamos resistência a determinadas coisas que antes nos consumiam, objetivamos mais, crescemos, para podermos ensinar a crescer, numas alturas, ou simplesmente, assistir e apoiar o crescimento dos nossos filhos.

Tudo isto nos transforma em pessoas melhores, mais ricas, tendencialmente mais capazes para lidar com contrariedades, para solucionar imprevistos.


Só há um tipo de imprevisto para o qual nunca estamos preparadas, aquele que envolve os nossos filhos, a saúde dos nossos filhos, especialmente. Perante esse em regra bloqueamos, congelamos. Não somos capazes de analisar a situação friamente, desaprendemos tudo o que a maternidade e a vida de mãe nos ajudou a desenvolver e sentimo-nos pequenas, mínimas, a precisar, nós próprias, de uma mãe. 

E o medo que nos paralisa, que nos impede de avançar com aquela segurança que se espera de uma mãe, empurra-nos para um cantinho escondido, de onde não queremos sair, um cantinho onde nos protegemos de nós, da vida que sem darmos por isso tomou conta da nossa e se tornou na nossa própria vida. Queremos ser o antes. O antes que era fácil, o antes que era só nós, nós próprios, sozinhos, sem eles, sem o ter que cuidar, só a ser cuidado. 

E aí somos pequenas outra vez, já não somos lobas nem leoas, já não resistimos ao sono, nem conseguimos conter o choro. Não temos já soluções. Aí percebemos as mães dos filhos somos nós e que nunca deixámos de ser nós, as mães dos filhos.    

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