quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Henrique

O Henrique, por ser o mais velho, vai ser o primeiro de quem vou falar.
Está um miúdo giro e bem disposto, mas com um feitio cada vez mais torto. É teimoso como uma mula e responde-nos tantas vezes que não que às vezes o chamamos "Henrique não", ao que ele responde, "não é Henrique não, é só Henrique". Mas, "no privado", é o menino mais doce. Diz "tenho saudades tuas, mamã", logo de manhã, e dá-me beijos como se não nos víssemos há muito tempo. Acorda com as galinhas e entra-nos no quarto a dizer coisas do género: "dormiste bem? O henrique acodou bem disposto!"
Do alto dos seus três aninhos, já é muito autónomo, despe-se e descalça-se sozinho, mas gosta muito que o ajudem a comer (na escola já não o faz há muito). É grande e bem pesado com um metro de altura e 16 Kg que custam a carregar mas a quem não podemos negar colo porque afinal de contas não passa de um bebé, o nosso bebé mais velho. 
Estes meses foram e estão a ser complicados para ele. Passámos muito tempo sozinhos os três, o que fez com que, muitas vezes, lhe pedisse para esperar quando me pedia para brincar ou quando queria de alguma coisa, por ter a irmã a chorar ou a precisar de algo. Nos primeiros dois meses, respirava fundo antes de o ir buscar ao colégio porque sabia que até à hora do jantar, quando o pai chegava, tudo podia acontecer. O tapete da sala foi inúmeras vezes molhado por xixi porque ele escolhia precisamente a hora das mamadas para pedir para ir à casa de banho. Como sabia que eu não podia interromper o que estava a fazer dizia "mamã, vou fazer aqui!" e fazia. Ponderei muitas vezes deixar de amamentar por causa destas situações e cheguei mesmo a tirar leite de propósito para dar à Luísa em pelo menos uma das mamadas em que estava sozinha com os dois. Foi uma boa solução, ela comia mais depressa e ele não se sentia tão enciumado. 
Enfim, muitas soluções foram pensadas e postas em prática para tentar minimizar os efeitos de uma bebé em casa, mas sei que não foram suficientes. Sofreu com toda esta mudança, apesar dos nossos esforços para que isso não acontecesse. Tenho pena, por isso. Mas tenho a certeza de que hoje é imensamente feliz e, tal como nós, já não saberia viver sem a sua "mana uísa".

1 comentário:

Sofia disse...

Faz tudo parte de crescer...
É bom ver a tua perspectiva, de facto já me teria perguntado como seria conjugar as necessidades de duas crianças em idades diferentes.
Obrigada pela tua partilha.
Bjinhos